O toma-lá-da-cá de Trump e Bolsonaros
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Troca arriscada

Ontem a turnê norte-americana de Jair Bolsonaro foi marcada pelo encontro com o presidente Donald Trump no Salão Oval. O aperto de mãos foi acompanhado por Eduardo Bolsonaro, o Zero Três, que tem assumido o papel exótico – para não dizer absurdo, mambembe e nepotista – de “chanceler informal” (o desprestígio fez com que o verdadeiro chanceler, Ernesto Araújo – que é fã de Trump -, precisasse ser acalmado por outros ministros). Do encontro, surgiu um acordo arriscado: o Brasil se comprometeu a abrir mão do status de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio, para ter o apoio dos EUA em uma candidatura à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE, um órgão deliberativo formado por 36 das nações mais ricas mundo. Sem o status na OMC, o Brasil perde vantagens, como autorização para políticas de subsídio agrícola e para negociar condições exclusivas com outros países em desenvolvimento. Em troca vai receber apenas o apoio norte-americano, o que não garante sua vaga na OCDE.
Se os sintomas persistirem

Uma pesquisa do Instituto de Estudos Socioeconômicos divulgada ontem apontou que empresas farmacêuticas estão recebendo benefícios fiscais, mas não estão repassando a redução de custos para os consumidores. Entre 2016 e 2017, a indústria farmacêutica ganhou R$ 9,5 bilhões por ano em subsídios (valor quase 9 vezes maior que a da Lei Roaunet ofereceu em renúncia fiscal no mesmo período). Ainda assim, em 2017, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos autorizou reajuste de até 4,76% nos medicamentos – acima da inflação, que foi de 2,95%. Enquanto ofereceu subsídios que não foram repassados aos consumidores, o governo ainda diminuiu a alocação de recursos em programas de acesso a medicamento. De 2016 para 2017, a redução chegou a 14%.
Que saber mais?
Confira o estudo o Inesc na íntegra
Quer entender de onde vêm as renúncias fiscais?
O lobby da indústria farmacêutica é fortíssimo no Congresso
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Homenagem na Câmara

Ontem Marielle Franco e Anderson Gomes foram homenageados em uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados. A sessão também marcou a entrega póstuma, a Marielle, da medalha Mietta Santiago, que valoriza iniciativas ligadas aos direitos das mulheres. O pai da vereadora, Antônio Francisco da Silva, aproveitou a homenagem para cobrar investigações sobre os mandantes do crime. Na semana passada, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Vieira, integrantes de um grupo de extermínio, foram presos, acusados do assassinato. Agora o Ministério Público e a Polícia Civil precisa esclarecer quem os contratou.
Quer saber mais?
O delegado Giniton Lages, responsável pela investigação do crime, ficou surpreso ao saber que estava sendo afastado do caso